O Bairro do Aleixo - Digressão Mundial

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

Malaa

Lê-se ‘malá’. É natural de Suva. Tem os olhos brilhantes e cabelo muito escuro. Gosta de falar. Está desempregado e passa os dias no centro da cidade com os amigos. Duas vezes por semana vai ao centro de emprego confirmar que não tem trabalho. Vive da ajuda de amigos e familiares.

Já trabalhou na Europa, nos Estados Unidos e no Japão. Sempre em empresas de construção civil. Agora diz que está cansado de andar de país em país. Queria encontrar uma mulher de quem gostasse, viver em Viti Levu, perto da irmã, perto dos sobrinhos.

Encontrei-o num bar de kava. Ensinou-me a preparar a bebida, explicou-me como se batem as palmas antes e depois de beber, esclareceu-me sobre a boa e a má kava.

Todos os dias ao fim da tarde senta-se no Dee Dee’s e bebe até à noite. Conversa com quem aparece. Música é um dos seus temas preferidos. Ouvem discos no computador do Fuata. Fazem cópias piratas. Prepara-se mais kava.

Quase sempre aparecem os Exodus, uma banda de velhos decadentes que tocam reagge e ska. Trazem num cd algumas gravações do último fim de semana. Ouvem, pedem opinião, bebem duas taças e vão embora. Melhorar os arranjos, regravar a bateria, acrescentar um solo de guitara.

Malaa fica sempre. Quando as lojas do outro lado da rua fecham as portadas põe um banco no passeio e pede a Fuata para preparar mais um pote de bebida.

Hoje encontrei-o deitado no jardim, perto da biblioteca. Estava muito calor. Tinha passado a manhã no centro de emprego.