As crianças
As aulas ainda não começaram. Passam as horas de menos calor a jogar à bola no relvado ao lado do aeroporto. Os mais velhos jogam volley num campo improvisado numa das pontas da pista de aterragem.
Ninguém em Tuvalu viu um jogo de futebol a sério. As bolas que usam para jogar já nem retêm o ar e rolam mal pela relva. Sabem os nomes de quase todos os jogadores importantes e entusiasmam-se quando digo que sou português, da Europa.
Querem jogar comigo e acreditam que em Portugal toda a gente é como o Figo ou como o Cristiano Ronaldo. Jogo à baliza e depressa desistem de mim e das minhas capacidades futebolísticas. Sento-me a ver.
Cansam-se depressa de jogar uns com os outros, sentam-se comigo, fazem piruetas e deixam-se fotografar enquanto fazem caretas.
São os meus primeiros amigos tuvaluanos.
As aulas vão começar na próxima semana. Todos querem ir para a escola e depois para a universidade, especialmente as raparigas.
Quando está demasiado calor para jogar à bola, passam as tardes na praia. A tomar banho, a apanhar peixes e a brincar com garrafas e latas vazias.