O Bairro do Aleixo - Digressão Mundial

quinta-feira, janeiro 27, 2005

Eddie

Passa os dias na esquina da William St com a Victoria St. Bebe muito. Traz sempre a garrafa dentro de um saco de papel. Normalmente aparece ao fim da tarde. Aos fins de semana aparece mais cedo.
É um homem forte. Ombros largos, rosto musculado. Caminha curvado, nunca levanta os olhos e, apesar do calor, usa sempre um casaco azul, de malha, muito grosso e quase tão velho como ele. Os poucos cabelos que tem caem-lhe pelos ombros. Tem a cara suja, as mãos sujas, o cabelo sujo.
Não pede moedas. Fica parado a porta da casa de apostas, mão estendida e olhar fixo no chão ou num caixote de lixo.
Ninguém sabe de onde é, mas na mala que deixa pousada ao seu lado pode-se ler o nome de uma cidade e as iniciais NSW.
É normal tentarem roubá-lo. Duas ou três pessoas aproximam-se dele, empurram-no, metem-lhe as mãos nos bolsos. Levam as poucas moedas que encontram. Ele não reage. Já se habituou.
Foi visto várias vezes a gritar, a chamar por alguém. Um nome incompreensível.
Ao fim da noite desce a Victoria St e desaparece no meio do jardim.