O Bairro do Aleixo - Digressão Mundial

sábado, janeiro 22, 2005

The Great Ocean Road

De Melbourne em direcção a Adelaide. Novecentos quilómetros de estrada costeira, passo por pequenas cidades e alguns aglomerados de casas voltadas para o oceano.
De um lado temos o mar, penhascos e praias às vezes. Do outro lado montanhas, eucaliptos e sinais a indicar a provável presença de cangurus e coalas na estrada. Os únicos animais que vejo são pássaros.
A primeira paragem é em Apolo Bay: uma praia, uma pequena vila com alguns restaurantes e motéis virados para a baía. Há muitas baías na costa sul da Austrália.
Sigo depois pelo meio do Otway National Park em direcção a um ponto de observação do oceano e dos 12 Apóstolos, um conjunto de 12 rochas que se desprendeu da costa e está plantado no meio do mar.
Passo a noite em Port Fairy. Uma vila costeira igual a todas as outras por onde passei: uma rua principal, casas baixas com jardim relvado, a praia a dez minutos de distância, dois motéis, uma pousada e uma escola de surf. A partir das nove da noite não há ninguém na rua e é difícil encontrar um sítio para beber uma cerveja.
Segundo dia. Mais quilómetros, mais mar. Ainda não está sol, ainda não fui à praia. Paro em Cape Bridgewater que não tem mais nada para além de meia dúzia de casas, uma colónia de focas, uma escola de surf e um percurso desenhado no penhasco onde se pode ver uma floresta petrificada.
.
A meio da tarde cruzo a fronteira para o estado da Austrália do Sul e chego a Beach Port. Mais uma praia, um porto.
Beach Port é mais animado do que Port Fairy. No principal hotel da vila há um concerto de uma banda reencarnação dos Credence. Toda a vila está concentrada no acontecimento e toda a gente parece fã da banda. Ou dos Credence.
Como estou um bocadinho cansado de praias bonitas e sinais a indicar a presença, eventual, de cangurus na estrada, considero este concerto o momento mais animado desde a saída de Melbourne.
Beach Port é bonito de manhã. O sol faz bem ao humor – nem sempre acordo bem disposto, mesmo nas férias! Antes de Adelaide mais duas paragens: Robe e Kingston. Robe é mais outra cidade costeira e a monotonia destas cidades vem também do facto de não se poder comer peixe decentemente. Mesmo com o mar ali à frente e com um porto piscatório, toda a gente insiste na especialidade gastronómica local: fish and chips. É desesperante!
Kingston é diferente. Não teria nada de especial - sem praia, sem escola de surf - não fosse uma muito necessária bomba de gasolina e uma renhida competição de Lone Bowl entre os reformados locais e os reformados da cidade vizinha.
Lone Bowl é um jogo de precisão e muito emotivo para quem tem sessenta anos. É semelhante ao jogo da malha, mas jogado por mais pessoas e com bolas que se lançam contra uma pequena bola branca. Joga-se num pavimento sintético e com muito pouco atrito, de forma a que as bolas correm muito lentamente e exigem um grande domínio da velocidade e direcção.
Os cavalheiros vestem-se de branco, com uns sapatos de sola especial e um boné também branco. As senhoras usam uma versão feminina e pouco sexy do equipamento.
Chego a Adelaide ao fim do dia. Não vi coalas nem cangurus.